Tomada de decisão em tempos de elevada Inflação

Nos tempos atuais, as empresas deparam-se com crescentes dificuldades logísticas derivadas da subida do preço do petróleo, da guerra na Ucrânia e de políticas de confinamento altamente restritivas no continente asiático, mais especificamente na China, para além de uma elevada inflação que tem como consequência a subida de custos operacionais e crescentes pedidos de aumentos salariais por parte dos trabalhadores que sentem o seu poder de compra ser diminuído.

Assim, a inflação tornou-se um tema recorrente nos media, sendo que, atualmente, as previsões atingem os 4,4% em Portugal, 8,1% na União Europeia, 9% no Reino Unido e 8,3% nos Estados Unidos.

Os governos e Bancos Centrais, cientes dos impactos que a inflação tem na população, procuram medidas para lidar com este fenómeno. O Banco Central Americano já informou que planeia deixar a sua política de compra de “Bonds” e que é possível a subida de taxas de juro para o triplo das atuais. Esta política irá também implicar dano para empresas e consumidores, pois implica maiores dificuldades na obtenção de crédito, o que reduz a procura em certos setores económicos, nomeadamente habitação e automóvel, acabando por impactar a economia no seu todo.

Para combater a enorme dificuldade na obtenção de semicondutores, elementos indispensáveis na indústria automóvel e nas mais variadas indústrias tecnológicas, a União Europeia e os Estados Unidos anunciaram uma convenção bilateral para garantir a estabilidade e maior produção nestes territórios, assegurando uma maior independência face aos outros blocos e protegendo as suas economias.

A nível empresarial, devido à elevada inflação, as empresas deparam-se com a necessidade de tomar decisões para atingir os resultados financeiros pretendidos. A medida mais comum é a de subida dos preços dos seus produtos. Porém, esta estratégia levará os consumidores a consumir menos, principalmente se o produto não for considerado de caráter essencial. Assim, muitas empresas procuram maneiras de tornar os impactos da inflação mais “invisíveis” aos consumidores.
A primeira destas medidas é a de redução de custos não essenciais ao longo da cadeia de valor, nomeadamente através da procura de certos componentes e matérias-primas em Portugal ou no continente Europeu, em detrimento de outros continentes, devido aos elevadíssimos custos de transporte marítimo e aéreo.

Noutras indústrias, como é o caso da indústria dos fabricantes de bicicletas, com uma elevada percentagem da produção de bicicletas concentrada num só local (Taiwan), elevados custos e problemas logísticos e de transportes, aliados a uma elevada procura desde o período de pandemia, levou as marcas, para manter as suas margens de lucro, a implementar uma estratégia onde disponibilizam bicicletas a preços similares aos de anos anteriores, todavia, integrando componentes de gama inferior.
Outra medida menos visível já implementada por certas empresas, é a chamada “shrink inflation”. A “shrink inflation” torna-se invisível ao consumidor na medida em que as empresas mantêm os preços mas diminuem ligeiramente o tamanho dos produtos, reduzindo assim o seu custo de produção. Este fenómeno surge de forma cada vez mais recorrente no setor alimentar, no das bebidas e nos mais variados produtos de higiene.

Assim, e tendo em conta que cada negócio está sujeito a variáveis distintas, os gestores devem, cada vez mais, estar atentos às mudanças microeconómicas, macroeconómicas e políticas no processo de tomada de decisão, adotando estratégias bem definidas que permitam minimizar os efeitos negativos da inflação.